ENQUANTO CIÊNCIA
"A compreensão do homem na sociedade"
A Sociologia é a parte das ciências humanas e estuda o comportamento humano
em função do meio e os processos que interligam os indivíduos em associações, grupos e instituições. Enquanto o
indivíduo na sua singularidade é estudado pela psicologia, a sociologia tem uma base teórico-metodológica voltada para o estudo dos
fenômenos sociais, tentando explicá-los e analisando os seres humanos em suas
relações de interdependência. Compreender as diferentes sociedades e culturas é
um dos objetivos da sociologia.
Fonte: Wikipédia
COMO SURGIU A SOCIOLOGIA?
COMO SURGIU A SOCIOLOGIA?
A sociologia, ciência que tenta explicar a vida social, nasceu de uma mudança radical da sociedade, resultando no surgimento do capitalismo.
O século XVIII foi marcado por transformações, fazendo o homem analisar a sociedade, um novo "objeto" de estudo. Essa situação foi gerada pelas revoluções industrial e francesa, que mudaram completamente o curso que a sociedade estava tomando na época. A Revolução Industrial, por exemplo, representou a consolidação do capitalismo, uma nova forma de viver, a destruição de costumes e instituições, a automação, o aumento de suicídios, prostituição e violência, a formação do proletariado, etc. Essas novas existências vão, paulatinamente, modificando o pensamento moderno, que vai se tornando racional e científico, substituindo as explicações teológicas, filosóficas e de senso comum.
Na Revolução Francesa, encontra-se filósofos a fim de transformar a sociedade, os iluministas, que também objetivavam demonstrar a irracionalidade e as injustiças de algumas instituições, pregando a liberdade e a igualdade dos indivíduos que, na verdade, descobriu-se mais tarde que esses eram falsos dogmas. Esse cenário leva à constituição de um estudo científico da sociedade.
Contra a revolução, pensadores tentam reorganizar a sociedade, estabelecendo ordem, conhecendo as leis que regem os fatos sociais. Era o positivismo surgindo e, com ele, a instituição da ciência da sociedade. Tal movimento revalorizou certas instituições que a revolução francesa tentou destruir e criou uma "física social", criada por Comte, "pai da sociologia". Outro pensador positivista, Durkheim, tornou-se um grande teórico desta nova ciência, se esforçando para emancipa-la como disciplina científica.
Foi dentro desse contexto que surgiu a sociologia, ciência que, mesmo antes de ser considerada como tal, estimulou a reflexão da sociedade moderna colocando como "objeto de estudo" a própria sociedade, tendo como principais articuladores Auguste Conte e Émile Durkheim.
ENQUANTO DISCIPLINA
"Por uma formação reflexiva e análise crítica da sociedade"
"Dizem que a sociologia é importante para o resgate da cidadania em nosso país. Pode ser. Essa disciplina deve realmente contribuir para isso na medida em que fornece informações acerca da estrutura e das relações sociais e cria um espaço privilegiado para discussões que nem sempre se fazem presentes na escola. De minha parte, porém, ainda acredito que sua maior contribuição não está na “formação da cidadania” ou numa pretensa “conscientização” do povo alienado do seu modo de inserção nas relações sociais. Não, nada disso. A sociologia, enquanto disciplina no ensino médio, não realiza nenhuma missão emancipadora, nem se inscreve num projeto de transformação social. São bem mais modestos os seus objetivos; mas que isso não nos leve, no entanto, a uma cegueira quanto ao alcance de seus resultados.
Poderíamos desenvolver uma longa seqüência de argumentos fundamentando a importância da inclusão da disciplina sociologia nos currículos de ensino médio. Seria impossível, no entanto, codificar as reações de espanto e curiosidade ou as mudanças sutis de percepção e linguagem produzidas nos jovens que já tiveram o privilégio do contato com a ciência social. Menos no trato com as teorias sociais e mais na postura dos alunos diante da vida em sociedade; menos no discurso informado por conceitos sociológicos – às vezes bem complexos –, mais nos olhares de quem se encontra em face de um enigma é que se pode aferir quão importante se torna para os alunos a descoberta sobre como nossa vida é perpassada por forças nem sempre visíveis – por nossa simples pertença a um grupo social. E não a um grupo social qualquer, mas a esse grupo, com sua identidade, posição, símbolos e recursos de poder. É na descoberta de nossa participação numa teia de relações, na compreensão de como a nossa personalidade está relacionada à linguagem, aos gestos, às atitudes, aos valores, à nossa posição na estrutura social – nas palavras de Dumont: para que o indivíduo de ontem torne-se social, não mais ele e os outros, mas ele em meio aos outros – que está a justificativa para o ensino dessa ciência nas escolas. Ensinar sociologia é, antes de tudo, desenvolver uma nova postura cognitiva no indivíduo. Eis o aspecto humano essencial dessa disciplina.
Quando o aluno compreende que os cheiros, os gestos, as gírias, as tensões e conflitos, as lágrimas e alegrias, enfim, o drama concreto dos seus pares, é em grande medida resultante de uma configuração específica de seu mundo, então a sociologia cumpriu sua finalidade pedagógica. E, no fim das contas, é a cidadania e a democracia de nosso país que saem ganhando."
(Flávio Marcos Silva Sarandy)


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